Goiás perdeu na madrugada desta terça-feira o ex-governador Iris Rezende Machado (MDB). Aos 87 anos, o advogado estava internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, há mais de 90 dias com complicações decorrentes de um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico sofrido em agosto.
Um dos principais dirigentes do MDB em todo o país, Iris começou a vida pública como vereador (1958-62) e logo depois foi eleito deputado estadual (1963-64). O primeiro mandato como prefeito de Goiânia veio em 1965, e Iris foi cassado pela ditadura militar antes do término da gestão. Ao restabelecer os direitos políticos, elegeu-se governador em 1982 (com mandato até 1986) e, depois, voltou ao cargo em 1990 (com mandato até 1994). Eleito senador em 1994, ocupou o Ministério da Justiça por um ano (1997) no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas já havia se tornado ministro da Agricultura pouco antes de encerrar o primeiro mandato como governador (1986), no governo José Sarney (MDB). Voltou a disputar e vencer a Prefeitura de Goiânia em três oportunidades (2005-08, 2008-10, 2016-20) e foi derrotado em quatro eleições (governador em 1998, 2010 e 2014, e senador em 2002).
A ligação com Catalão
Iris Rezende teve, ao longo de toda a sua vida política, fortes ligações com Catalão e a região Sudeste. Por décadas, contou com o ex-prefeito Haley Margon (MDB), o ex-deputado estadual Arédio Teixeira Duarte (MDB) e o prefeito Adib Elias como aliados políticos. Haley foi prefeito durante o primeiro mandato de Iris como governador, secretário-geral do Ministério da Agricultura ao lado dele no governo Sarney e depois, no início da década de 90, secretário de Estado da Fazenda durante a segunda passagem de Iris pelo Palácio das Esmeraldas. Arédio foi secretário de Administração no primeiro governo Iris.
O ex-governador foi o responsável pela ligação da cidade com Goiás. Pavimentou e inaugurou com grande festa a Rodovia JK (GO-330), em outubro de 1984, ligando Catalão a Goiânia. Avalia-se que mais de 40 mil pessoas tenham participado do churrasco e da solenidade, que marcou época em todo o Estado.
Também foi Iris que pavimentou e inaugurou rodovias ligando Catalão a outras cidades da região, como Ouvidor e Três Ranchos, e entregou redes de energia elétrica e de distribuição de água. No seu primeiro mandato como governador, Catalão ganhou a sede regional da Saúde, à época denominada OSEGO, e dos Transportes, à época denominado DERGO, além de 110 casas construídas em um único dia na Vila Mutirão Teotônio Vilela. Na segunda passagem pelo Palácio das Esmeraldas, finalizou a construção e inaugurou o Ginásio Internacional de Esportes Dimas Gomes Pires.
Homenagens
O prefeito Adib Elias, que integrou a chapa de Iris como candidato a senador em 2010, postou que “Goiás perde uma de suas maiores lideranças políticas. Iris não é apenas um nome; ele é história de resistência, de construção, de realizações. É rico e brilhante o seu legado. Saindo da vida para entrar na história, merece de Goiás e dos goianos todas as homenagens e gratidão”.
O C1 procurou alguns líderes. O vice-prefeito João Sebba (PP) disse que “Iris foi figura proeminente da política nacional. Durante seus mandatos como governador, beneficiou grandemente a nossa região, sendo talvez o asfaltamento da GO-330 a obra de maior destaque”. O vereador Jair Humberto (PROS), presidente da Câmara, destacou que “a história de Iris Rezende se confunde com a história de Goiás. Tocador de obras, exímio articulador, abriu as portas do Estado para a modernização”. O vereador Vandeval Florisbelo (Podemos), parlamentar com o maior número de mandatos pelo MDB (1982-88, 1989-92, 1993-96, 2005-08, 2009-12, 2013-16, 2017-20), lembrou que participou “de forma ativa das ações do governador Iris Rezende em Catalão no primeiro mandato. O então prefeito Haley Margon, muito amigo de Iris, conquistou muitas obras para a cidade”.
Haley Margon, certamente o catalano mais próximo a Iris, disse que “não merecia e nem estava preparado para todas as oportunidades abertas por ele. O meu sonho era somente governar Catalão, mas Iris me levou para o Ministério da Agricultura, para viagens e negociações internacionais, para a secretaria da Fazenda do Estado e para a coordenação financeira de todas as suas campanhas”. O ex-prefeito confidenciou que ambos tomaram muitas decisões juntos. “A nossa ligação era íntima, quase carnal, e sempre trocamos muitas confidências sobre nossas vidas. Iris era extremamente cioso e fará muita falta, porque hoje não se vê mais tantos políticos responsáveis com a coisa pública como ele sempre foi”. O último encontro pessoal dos amigos foi há 110 dias, em Goiânia, pouco antes de Iris sofrer o Acidente Vascular Cerebral.