Catalão perdeu na noite desta segunda-feira o médico Aguinaldo Mesquita, provedor da Santa Casa de Misericórdia. Aos 72 anos, o ginecologista e obstetra estava internado no Hospital Orion, em Goiânia, há mais de 40 dias com complicações decorrentes da COVID-19.
Um dos principais dirigentes do extinto PFL, hoje Democratas, Aguinaldo assumiu a candidatura do partido à prefeitura em 1988 após um acidente com o companheiro Divano Elias (in memoriam), que já tinha administrado a cidade no início da década de 1980. Em uma arrancada surpreendente na reta final, venceu a bem-sucedida gestão de Haley Margon (PMDB, 1982-88), cujos apoiadores se dividiram entre as candidaturas de Mauro Faiad, no PMDB, e Mauro Netto, no PL.
Construiu e inaugurou, como prefeito, os postos de saúde Dr. Lamartine Pinto de Avelar, no Bairro Santo Antônio, e Dr. Paulo de Tarso Salviano, no Bairro Pio Gomes, além da Praça do Estudante, no Bairro Mãe de Deus. Reformou parte das instalações da antiga Escola Parque, na Avenida Dr. Lamartine Pinto de Avelar, para instalação da 3ª. Companhia Independente da Polícia Militar do Estado de Goiás, hoje 18º. Batalhão. Teve a gestão marcada pela grande proximidade com o servidor público e a garantia de vários direitos à classe.
Aguinaldo não elegeu o sucessor e, mesmo com atividades em cooperativas, só voltaria ao cenário político em 1996 com a indicação da esposa Maria Ângela como companheira de chapa do então deputado estadual Eurípedes Pereira (PTB), eleito prefeito naquele ano. Ocupou a secretaria de Saúde em 1997 e desenvolveu campanhas de prevenção contra o câncer de colo de útero e doenças sexualmente transmissíveis. Com a trágica morte de Eurípedes em 1998, Maria Ângela assumiu e encerrou a gestão (PFL, 1998-2000). Naquele ano, Aguinaldo foi candidato a primeiro suplente de senador na chapa de Fernando Cunha (PSDB, in memoriam) e, com a derrota para o candidato Maguito Vilela (PMDB, in memoriam), assumiu a secretaria de Governo na gestão da esposa. A então prefeita disputou a reeleição e ficou em terceiro lugar, atrás do vencedor Adib Elias (à época, no PMDB) e do então vereador João Enéas (PT).
Foi nomeado assessor especial do Governo do Estado em 2001, pelo então governador Marconi Perillo (PSDB), e em 2003 assumiu a direção da Regional de Saúde em Catalão, órgão que gere as ações da secretaria estadual de Saúde em 18 municípios da região.
Ainda colheria insucessos eleitorais em 2006 (candidato a deputado federal pelo PSDB), 2008 (candidato a vice-prefeito pelo PP, compondo chapa com o tucano Jardel Sebba) e 2010 (candidato a deputado estadual pelo PP).
O médico, que contabilizava a realização de mais de 12 mil partos em quase 50 anos de profissão, deixa esposa, três filhos e três netas.
Homenagens
Várias autoridades se manifestaram ainda na noite desta segunda-feira. O prefeito Adib Elias, de quem Aguinaldo era aliado político desde 2016, divulgou nota dizendo que a cidade “perde um de seus grandes benfeitores. Foi prefeito, realizou obras, defendeu os interesses dos catalanos e deixou seu nome registrado na nossa história política. Foi médico exemplar, devotado aos mais necessitados. O seu coração tinha o tamanho dele: grande, generoso, solidário”. A última aparição pública do médico foi ao lado de Adib, em junho, no lançamento das obras de reconstrução da Praça das Mães, em frente à Santa Casa de Misericórdia.
O vice-prefeito João Sebba (PP), em contato com o C1, destacou que Aguinaldo “foi grande em tudo: filho, esposo, pai, amigo, médico, político. Um grande cidadão. Atendeu como médico às gestantes carentes durante toda a sua trajetória, estando sempre presente na Santa Casa a qualquer hora do dia. Que Deus o tenha em bom lugar”. João Sebba foi vereador durante o mandato de Aguinaldo como prefeito e candidatou-se à sucessão do então companheiro de partido em 1992.
O vereador Jair Humberto (PROS), presidente da Câmara, lembrou que Aguinaldo “foi autor de belas e importantes páginas da nossa história, sempre marcadas pela profunda dedicação ao ser humano. Homem de espírito elevado e extremamente republicano, deixa entre nós o seu legado: a opção humana”.